O dízimo é expressão de gratidão
A primeira vez que que encontramos no Antigo Testamento uma citação bíblica sobre o dízimo, tal fato ocorre em uma atmosfera de gratidão, onde o patriarca Abraão, movido pela Graça Divina, sentindo-se agraciado, entrega o dízimo a Melquisedeque (Gn. 14:20). Este gesto de Abraão é antecedido, no capítulo 13, pela promessa Divina de entregar-lhe terra de Canaã.
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Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, uma espécie de prefiguração de Cristo, encontra Abraão, abençoa-o, e como resposta de gratidão e reconhecimento, o pai da fé entrega-lhe alegremente, uma parte de seus bens.
Sendo assim, é possível concluir que a entrega do dízimo, por parte de Abraão, foi um gesto de gratidão Àquele que é o Senhor de todas as coisas. Por isso, o dízimo enquanto expressão de gratidão, encontra-se inserido no contexto da Aliança.
Aprofundando um pouco mais sobre essa gratidão que Abraão expressou sob a forma de dízimo, recorremos a etimologia do termo, que deriva do do latim gratia e significa favor. O termo latino gratus, uma derivação desta mesma palavra, indica agradar. Como se nota, as duas derivações correlacionam-se diretamente com, bondade, beleza, generosidade, retribuição, gratidão e outros termos sinônimos.
Cumpre notar que a gratidão não é apenas um mero sentimento, mas um reconhecimento de algo, que, de alguma forma aconteceu-nos de bom. Esta percepção da bondade intencional de alguém, não poucas vezes, teve custo alto a quem ofereceu tal dádiva, mas esta foi entregue por amor e com alegria.
O dízimo enquanto gesto concreto de gratidão, é expressão de um coração agradecido pelas dádivas recebidas. Dízimo não é investimento, pois se o fosse, necessariamente teria de haver uma devolutiva. Dízimo também não é compra de bens sagrados, pois as dádivas e graças Divinas não possuem preço nem se encontram à venda.
O dízimo como sinal material de gratidão é expressão da percepção de que constantemente somos agraciados e visitados pela Providencia Divina e que tal ação de Deus em nós e por nós, uma vez experimentada, pode e deve ser respondida de forma generosa e agradecido, pois gratidão merece gratidão.
Sejamos como Abraão, o pai da fé, que sentindo-se agraciado por Deus, manifesta seu reconhecimento, seu amor. Se ser dizimista equivale a ser grato, sejamos gratos, pois temos muitos motivos para sê-lo!
Pe. Arilço Chaves Nantes pertence ao Clero da Diocese de Naviraí (Regional Oeste I). Atualmente é pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, município de Angélica/MS. Possui Licenciatura em Pedagogia pela Associação Nova Andradinense de Educação e Cultura – ANAEC (2004); Licenciatura em Filosofia pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB (2007); Bacharelado em Teologia pelo Instituto Teológico João Paulo II – ITEO (2012); Bacharelado em Teologia pela Faculdade João Paulo II – FAJOPA (2013); Especialização Lato Senso em Espiritualidade Cristã e Orientação Espiritual (ECOE) pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE (2016). Mestrado em Psicologia da Saúde pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB (2018). Especialização (Lato Senso) em Psicologia Existencial, Humanista e Fenomenológica pela Faculdade Futura (2019); Especialização (Lato Senso) em Terapia da Constelação Familiar e Sistêmica pela Faculdade Unyleya (2020); Especialização (Lato Senso) em Psicologia Positiva (em andamento) pela Faculdade da Região Serrana – FARESE; Doutorando em Psicologia (em andamento) pela Universidad de Ciencias Sociales y Empresariales (UCES) de Buenos Aires (Argentina 2019). Possui experiência na área de Teologia com ênfase em Teologia do Aconselhamento. Tem interesse em temas como: Religiosidade/Espiritualidade, saúde mental e suas interfaces com a Psicologia. Em sua pesquisa doutoral desenvolve estudos sobre Psicologia Positiva, Bem-Estar Psicológico e Práticas de Autocuidado.
Veja os outros artigos da edição 95:
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- Advento
- Catequese
- Comunicação Digital
- Dízimo
- Formação Teológica
- Gestão e Espiritualidade
- Liturgia
- Pastoral Litúrgica
- Secretaria Paroquial